sexta-feira, 27 de julho de 2012

Porto de abrigo

Acolhe o meu corpo cansado 
na enseada tranquila dos teus braços.
Afaga o meu rosto fatigado
com a aquosa espuma dos teus dedos.
Recebe o meu sorriso brando
nos teus lábios frescos de sal.
Recolhe-me as lágrimas secas
no teu peito de serena ondulação.
Repousa-me as brisas de angústia
no teu leito de algas perfumadas.
Afasta-me da letargia branca
que ameaça os imutáveis grãos de areia.
E desperta-me em azul-ternura
o desejo que anuncia as tempestades latentes
em que deambulamos sem bússola nem leme.
Porque não queremos regressos nem rumo.
Porque é em mar aberto
que nos sabemos fundir e encontrar…

© Rita Pais 2012

Pintura: Sir Edward Burne-Jones (1833-1898), «The Depths of the see»


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